Ex-presidente do Peru morre após atirar em si mesmo para não ser preso no caso Odebrecht


Alan García foi levado para o hospital em caráter de urgência por um ferimento a bala na cabeça

O ex-presidente do Peru Alan García morreu, nesta quarta-feira (17/4), após cometer suicídio para não ser preso. Ele foi levado para o hospital em caráter de urgência por um ferimento a bala na cabeça depois que ele tentou se matar em sua casa, pouco antes de ser detido pela polícia em um caso vinculado ao escândalo Odebrecht. “Alan García morreu, viva o Apra”, afirmou Omar Quesada, secretário-geral do partido de Garcia.
“Esta manhã aconteceu este acidente lamentável: o presidente tomou a decisão de atirar”, afirmou o advogado de defesa Erasmo Reyna na entrada do Hospital de Emergências Casimiro Ulloa, em Lima. A ministra da Saúde peruana, Zulema Tomás, informou que o estado de saúde do ex-presidente era delicado e de prognóstico reservado.
“O paciente foi internado no hospital com diagnóstico de impacto de bala, entrada e saída na cabeça”, indicou o ministério da Saúde em uma nota.  “A situação é muito crítica e muito grave”, acrescentou Zulema Tomás. Garcia sofreu três paradas cardíacas, informou Tomás, que disse que entrou na sala de cirurgia.
“Esta é a terceira vez que o ressuscitamos, ele fez três paradas cardíacas, a situação é séria”, disse a autoridade. García, ex-presidente do Peru entre 1985-90 e 2006-2011, foi detido em sua casa no distrito residencial de Lima, em Miraflores, por volta das 06h30 local.
A polícia apresentou um mandado de prisão preventiva de até 10 dias pela acusação de lavagem de dinheiro e recebimento de propinas em um caso ligado ao escândalo Odebrecht investigado pela Operação Lava-Jato.

Caso García

Antes da emissão do mandado de prisão, García havia declarado, na terça-feira (16/4), que não ficaria isolado ou escondido, em alusão tácita ao asilo frustrado que pedira ao Uruguai em dezembro.
Na ocasião, a Justiça determinou que ele estaria impedido de sair do país por 18 meses. A ordem de prisão contra García emitida, nesta quinta-feira, era de 10 dias e buscava, segundo o Ministério Público, coletar novos elementos na investigação diante de um eventual risco de fuga.
O ex-presidente permaneceu durante 16 dias na embaixada uruguaia, onde pediu asilo “ante a iminência de um mandado de prisão”. O pedido foi rejeitado pelo governo do Uruguai depois de analisar a documentação apresentada por Lima e pelo requerente.
Nas últimas semanas, García reiterou que “não há declaração, prova ou depósito que me ligue a qualquer ato criminoso, muito menos à empresa Odebrecht ou à realização de qualquer de suas obras”. García também está sob a lupa por supostas propinas pagas pela Odebrecht para obter um contrato de construção para o metrô de Lima durante seu segundo mandato.
No ano passado, ele afirmou ser “perseguido politicamente”, mas sua versão foi rejeitada pela Justiça e pelo governo peruano. O ex-presidente peruano está sujeito a uma investigação preliminar da acusação, mas ainda não é réu.
Segundo a promotoria, o então presidente García e 21 outras autoridades conspiraram para ajudar a empresa holandesa Terminal Multibancom, que venceu a licitação em 2011 para a concessão do Terminal Norte do porto de Callao, vizinho a Lima.
Ainda no escândalo da Odebrecht no Peru, os ex-presidentes Alejandro Toledo (2001-2006), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) também estão sendo investigados, e este último se encontra sob prisão preventiva até o dia 20 de abril, bem como a líder da oposição Keiko Fujimori, igualmente em prisão preventiva.
Fonte: Correio Braziliense

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