A modernização escravocrata


A escravidão voluntária lubrifica a máquina oligárquica com alienação, suor e sangue. Ao povo, o trabalho. Aos mandatários, o lucro.
(Renée Venâncio)

 

Os tempos sombrios que batiam à porta, infelizmente, entraram em casa, assolando o trabalhador brasileiro que por um longo período de lutas, conquistou direitos, hoje surrupiados, por um governo ilegítimo e avalizado pelo congresso mais conservador da história.

A ponte que nos levaria para o futuro, através de uma modernização, prometida por Temer e Meirelles, está levando a classe trabalhadora do país ao ‘inferno’. Leia-se inferno como o lugar com altos índices de desemprego (algo em torno de 13,2 milhões de desempregados), retirada de direitos trabalhistas, reforma previdenciária assombrosa, sucateamento da máquina pública, privatizações em série, elevados índices de insegurança, descrédito internacional, cleptocracia… Um verdadeiro caos.

Desde a consumação do golpe em 31/08/2016, que o Brasil está andando para trás. No início, a base de sustentação do governo, dizia que seriam necessários alguns meses para o Brasil entrasse nos eixos. No entanto, após 1 ano e 3 meses, o brasileiro sente na pele, os arrochos do governo elitista. Com o aumento excessivo no preço do gás de cozinha, cesta básica e energia elétrica, a classe produtiva e trabalhadora do país está com sérias dificuldades de manter as necessidades básicas.

A política econômica do presidente Temer, conduzida pelo fiel escudeiro, Meirelles, beneficia direta e indiretamente apenas os poderosos, o patronato elitista e donos das grandes fortunas. Mas não para por aí. Com o objetivo de se manter no poder, o golpista negociou com a bancada ruralista a alteração na caracterização de crime do trabalho escravo e com uma simples canetada através da Portaria 1.129/2017 do Ministério do Trabalho, o governo Temer enfraquece e limita a atuação fiscal sobre as empresas escravistas. “Governo troca voto da bancada ruralista por escravidão”, disse Isaltino Nascimento (PSB).

É uma regressão sem tamanho. Direitos que levaram décadas e décadas para serem construídos. Mas com a ajuda da Globo, recentemente delatada de ter pago propina para ter os direitos de transmissão nos jogos em copas do mundo, o governo ilegítimo mente descaradamente dizendo que está passando por um processo de modernização.

Modernização escravista e racista, isso sim. Recentemente, o jornalista e apresentador William Waack da Rede Globo, fez comentários racistas quando alguém buzinou enquanto o mesmo estava prestes a entrar no ar. No vídeo, já periciado, Waack disse que sabia quem era…“É preto. É coisa de preto” e sorri. Apesar da Globo tê-lo afastado, racismo é crime e Waack deveria ser processado por esse ato repugnante. Não há mais espaço na sociedade para essas práticas doentias, principalmente num país miscigenado e predominantemente negro como o Brasil.

Diante de tantas fobias, preconceitos e injustiças, a Justiça brasileira continua cega como sempre esteve, de olhos bem vendados.

 

Cláudio Hiroshy

Poeta, compositor, editor e redator do portal Entre Notícias

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