“A candidatura de Luiz Roberto representa o que há de melhor para Aracaju”, afirma Edvaldo Nogueira
Edvaldo Nogueira: “Sempre defendi que uma casa dividida não se mantém em pé”
Edvaldo Nogueira com Luiz Roberto: nome ideal que o prefeito de Aracaju aponta para lhe suceder e diz que vai com ele até o fim
Aqui nesta Entrevista Domingueira o leitor vai encontrar um Edvaldo Nogueira quase sem filtro. Quase sem filtro não quer significar métrica ou rima para doidivanices. Mas para um Edvaldo bem mais dizedor do que o de costume.
Dizedor e desassustado frente às histórias, verdades e vivência políticas que ele construiu ao longo de sua laica carreira de 11 eleições, e sobretudo as que se criam e lhe atribuem, com as quais nem sempre concorda e para as quais ele não bate a mínima continência.
O sem filtro aqui é pra dizer que Edvaldo Nogueira, o único prefeito de Aracaju por quatro mandatos e que quer fazer o seu sucessor, não se admite dono de arrogâncias. Ele quer ser o mais politizado possível e até se submete a um breve mea culpa em seu estilo. Sem se autodepreciar.
Edvaldo Nogueira continua sem querer abrir mão da unidade do grupo alegando a necessidade de garantir a entrega da Aracaju que ele acha que está otimamente administrada a alguém que cuide otimamente dela e do seu futuro.
E, para Edvaldo, este alguém tem nome e sobrenome: é Luiz Roberto Dantas de Santana, que já tem o aval dele e do governador do Estado, Fábio Mitidieri, PSD – apesar de Fábio avalizar a nota promissória de pelo menos mais três pré-candidaturas do grupo, as de Yandra Moura, União Brasil, de Danielle Garcia, MDB, e de Fabiano Oliveira, PP.
O sem filtro de Edvaldo Nogueira nesta sensível Entrevista Domingueira bota muito crédito na conta de Fábio Mitidieri e relativiza as queixas de que ele, Edvaldo, seja um cabra de difícil interlocução com a classe política.
E mais: o sem filtro de Edvaldo Nogueira ainda põe fé que até as convenções, lá para o mês de agosto, muito do que parece disparatado e disperso no bloco dos governistas frente à sucessão de Aracaju vá ser costurado e amalgamado na esfera de Luiz Roberto.
A tese central de Edvaldo é a de que nos cerca de 14 anos em que ele esteve à frente do Governo de Aracaju foram feitas pela capital sergipana transformações profundas sobre as quais ele tem responsabilidade futura e que não podem ser entregues a nenhum aventureiro.
E é exatamente para cuidar desta responsabilidade futura que ele apresenta o nome de Luiz Roberto. “O bom e reconhecido desempenho da nossa gestão, certamente não é suficiente para eleger Luiz Roberto, mas é um considerável capital político e eleitoral com o qual ele, e somente ele, conta”, avisa.
“Para mim a candidatura de Luiz representa o que há de melhor para Aracaju e não vou poupar esforços para fazê-la vitoriosa. Porque não se trata apenas de uma candidatura e uma sucessão: para mim, trata-se da defesa de um legado de conquistas que construímos nos últimos anos e que tem feito nossa capital se notabilizar perante as outras”, diz Edvaldo.
“Este projeto de cidade que construímos, que é tão caro aos aracajuanos, encontra em Luiz a melhor expressão de continuidade e avanço. Eu não vou abrir mão desse legado, dessa história que construímos, e do muito que ainda há pela frente. É por essa razão que Luiz é o meu candidato, porque ele encarna essa causa. Quem acha que essa candidatura é de brincadeira, engana-se redondamente. Luiz é o meu candidato e eu vou com ele até o fim, para o que der e vier”, diz.
Mas ir com Luiz “até o fim, para o que der e vier”, não é, para Edvaldo, propriamente uma ruptura com os demais membros da sua aliança. “Gostaria de marchar ao lado de todos os meus amigos e aliados, todos os que já ajudei a eleger, todos os que estiveram e estão conosco na administração. Ficarei triste se não poder contar com todos, mas seguiremos em frente. Meu compromisso com Aracaju não termina em 31 de dezembro de 2024. Eu me considero responsável, também, pelo futuro da cidade, pela continuidade desse projeto vitorioso que tem 74% de avaliação positiva”, reforça.
Edvaldo Nogueira Filho nasceu no dia 25 de janeiro de 1961, em Pão de Açúcar, Alagoas. Ele é filho de Edvaldo Bezerra Nogueira e de Maria de Lourdes Santana Nogueira.
Ele é casado com a engenheira civil e empresária Danusa Silva Menezes, é pai do advogado Maurício Soares Nogueira, 37 anos, e tem um relacionamento paternal com as enteadas Marina Silva Menezes, arquiteta, 29 anos, e Maria Silva Menezes, advogada, 26 anos, e é avô de Julieta Carolina Westrup Soares Nogueira.
Edvaldo Nogueira: “Não tenho mesmo uma relação de convivência com os políticos, mas estou sempre disposto a evoluir como pessoa e como político”
NECESSIDADE DE UM CANDIDATO ÚNICO DO BLOCO
“O próprio governador trabalha com a ideia de que não há problema em ter vários candidatos. Eu discordo disso. Sempre defendi que o melhor seria caminharmos com um único candidato, sobretudo para fazer frente à oposição. Uma casa dividida não se mantém em pé”
JLPolítica & Negócio – O bloco ao que o senhor pertence possui hoje cinco pré-candidaturas à Prefeitura de Aracaju, incluindo a que o senhor sugere. Por que se chegou a essa situação?
Edvaldo Nogueira – A ausência de um candidato natural à sucessão e de uma liderança com maior densidade eleitoral criou um vácuo na minha sucessão, o que motivou diversos agentes a considerarem o direito de tentar ocupar este espaço, pensando num projeto pessoal ou de sua agremiação individualmente. Em todo esse processo, eu sempre me guiei pela ideia de que devemos levar em conta o coletivo do nosso agrupamento político e resolver isso enquanto um grupo político. Por isso, inclusive, e pela legitimidade que o PDT tem de indicar o sucessor a partir da administração que fazemos, é que lançamos o nome de Luiz Roberto. Infelizmente, outros setores do nosso grupo não pensam desse jeito. O próprio governador trabalha com a ideia de que não há problema em ter vários candidatos. Eu discordo disso. Sempre defendi que o melhor seria caminharmos com um único candidato, sobretudo para fazer frente à oposição. Uma casa dividida não se mantém em pé, e a existência de vários candidatos fragmenta o grupo e termina criando fissuras muitas vezes incicatrizáveis, o que é muito ruim. Essa ideia de cada um por si e Deus por todos no primeiro turno, para depois se juntar no segundo, não é a melhor estratégia. Para mim, o melhor é sempre quando a gente concentra esforços num único candidato para enfrentar o nosso adversário. Foi assim inclusive que fizemos na campanha de governador: outras candidaturas poderiam ter surgido, mas optamos por uma única, que foi a do Fábio, e enfrentamos nossos adversários com o nosso grupo coeso. Eu, inclusive, tinha chances eleitorais reconhecidas, mas deixei isso de lado em favor da unidade do grupo. Acho que essa situação atual se criou porque todos estão pensando em projetos políticos individuais ou em projetos políticos unicamente de suas agremiações. Isso pode até ser legítimo como expressão política da acertada vontade das pessoas ou grupos crescerem, mas enquanto pensamento coletivo isso nos enfraquece. Nos divide. A nossa força reside na nossa união. É essa unidade que tem sido fator de vitória do nosso grupo nas últimas eleições.
JLPolítica & Negócio – O senhor é acusado de não conversar com os políticos, de não estabelecer diálogo. Será que foi isso que fez as coisas chegarem a esse ponto de estrangulação?
EN – Eu converso institucionalmente com todos os políticos. O que eu não sou é de badalação, de reuniões semanais em restaurantes com os políticos. É de mim, da minha natureza, da minha personalidade. É o meu jeito de ser. E eu tenho uma cidade para administrar, meu tempo é realmente escasso. Com a população, eu tenho uma relação extraordinária. Agora, reconheço que não sou a pessoa mais sociável do mundo. Dito isso, o que importa é saber que eu sou leal aos meus aliados. Cumpro o que digo. É esse traço pessoal que muitos tentam usar como justificativa para esconder seus interesses políticos e como álibi para suas posições. Mas isso esboroa-se na realidade. E as decisões políticas que nosso grupo precisa tomar não podem ter nas características pessoais de um ou de outro o seu elemento definidor. O que interessa aqui é o projeto político que estamos construindo, a verdade com que participamos desse esforço coletivo para embasar nossos planos. O que não podemos negar é que há um movimento descoordenado de ocupação de espaços e uma percepção, a meu ver equivocada, de que poderia ser benéfica para o grupo a sua fragmentação em várias candidaturas. Também não chega a ser um ponto de estrangulação. Estamos ainda nas rodadas de conversas e acredito que possamos avançar e convergir para uma única candidatura e, a meu ver, a melhor para a cidade e para o futuro do nosso agrupamento é a de Luiz Roberto.
JLPolítica & Negócio – Mas o senhor não faz nem mesmo um leve mea culpa do seu modo de lidar no dia a dia com a classe a política? Não seria verdade essa acusada resistência de receber pessoas, de que tanto fala a classe política?
EN – Eu não tenho resistência em receber as pessoas, em dialogar e ouvir. Em sentar para conversar. O que ocorre é que, uma vez conversado, tenho isso como meu horizonte de ação, sem a necessidade de reiterar aquilo que para mim já ficou claro no diálogo inicial. Não cheguei a prefeito pela quarta vez e à Presidência da mais importante instituição de representação do municipalismo brasileiro, a Frente Nacional de Prefeitos, sem uma ampla trajetória de diálogos, de conversas e de costuras. O que existe é o estilo de cada um. Além disso, reconheço que priorizei o trabalho de cuidado com a cidade, o que acabou ocupando a maior parte da minha agenda. Mas nunca deixei de receber as pessoas. Basta dar uma olhada rápida nas minhas redes sociais que será possível observar que recebo a todos: líderes políticos, parlamentares e representantes da sociedade e das mais diversas entidades. Agora, é óbvio também que é sempre possível melhorar. Eu não tenho mesmo uma relação de convivência com os políticos, mas estou sempre disposto a evoluir como pessoa e como político.
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“Quando ninguém queria André por perto, e ele era uma pessoa malvista pelo meio político, até pelo nosso agrupamento e pela sociedade sergipana, tive a coragem de trazê-lo para perto. André foi para o meu palanque, fiz questão de levá-lo para todas as inaugurações das obras que ele tinha ajudado a viabilizar em Brasília”
JLPolítica & Negócio – O ex-governador Belivaldo Chagas, inclusive, se queixou de que o senhor desdenhou de uma eventual candidatura dele a prefeito. Isso pertine?
EN – Eu não desdenhei da candidatura de Belivaldo. Um repórter me perguntou o que eu achava e eu perguntei de volta se ele era mesmo candidato. E era uma pergunta honesta, porque sempre mantive com Belivaldo uma relação direta, sincera, dialógica. Nunca poderia imaginar que, se Belivaldo tivesse a intenção de ser candidato a prefeito de Aracaju, eu iria saber disso pela imprensa. Essa não é a forma que nós construímos na política nem na vida administrativa, e muito menos como amigos. Na minha cabeça, ainda estava a lembrança nítida das palavras do próprio Belivaldo, quando estava deixando o governo, de que estava aposentado, sairia da política e iria para Simão Dias cuidar de sua fazenda e de suas vaquinhas. Ele nunca chegou para mim e disse que pretendia ser candidato, em nenhum momento. E repito: a relação política, institucional e de amizade que construí com ele, inclusive me empenhando em sua eleição em 2018 e seguindo a sua liderança na definição do processo sucessório de 2022, não me permitiria, como não me permite ainda hoje, fazer qualquer ilação a partir de informação chegada por terceiros, ou pela imprensa. Não foi esse o tipo de relação que eu e Belivaldo construímos ao longo desses anos.
JLPolítica & Negócio – Mas o senhor estava preparado para ter Belivaldo como oponente logo na primeira eleição depois da de 2022 em que atuaram juntos?
EM – Eu e Belivaldo atuamos juntos em várias campanhas, não só em 2022, e essa união em vários momentos foi decisiva para que nosso grupo saísse vitorioso. Em 2018, por exemplo, esse esforço e essa união do grupo foram fundamentais para elegê-lo governador. Em 2020, fiquei grato e honrado com seu apoio e colaboração para a minha reeleição. E em 2022 todos nós reconhecemos o seu papel como condutor do processo de sua sucessão, como é natural. Eu esperava, claro, que esse modo de atuação em nosso grupo fosse recíproco. Mas tampouco cabe a mim definir o rumo que as pessoas querem tomar. Eu apenas lamento que, como em tantas jornadas, ele não esteja perfilado ao nosso lado fazendo o bom combate.
JLPolítica & Negócio – O senhor sempre manteve uma relação próxima com André Moura. O que aconteceu para que ele lançasse uma candidatura de oposição ao senhor na Prefeitura simbolizada na própria filha?
EN – Quando ninguém queria André por perto, e ele era uma pessoa malvista pelo meio político, até pelo nosso agrupamento e pela sociedade sergipana, eu tive a coragem de trazê-lo para perto.André foi para o meu palanque, fiz questão de levá-lo para todas as inaugurações das obras que, como deputado federal, ele tinha ajudado a viabilizar em Brasília. É uma questão de lealdade e de republicanismo. Fiz isso inclusive enfrentando críticas do agrupamento, que naquele momento via em André um estorvo, e fugia dele como o diabo foge da cruz. Não foi pouca gente que me aconselhou a ignorar André. Setores da esquerda, inclusive, usaram essa aproximação para me taxar de direitista. Tive um gesto público de reconhecimento porque era a coisa decente a fazer. Também nunca deixei dúvidas, desde o início, quanto às minhas posições políticas em relação ao futuro. Sempre deixei muito claro que não votaria nele para o Senado, que meu compromisso era com o grupo de que faço parte. Minha conduta em relação a André Moura sempre foi cristalina e franca. Ele, inclusive, até hoje compõe o meu governo com indicados dele na administração. Agora, eu não posso responder pelo comportamento de André, nem por suas motivações. Ele nunca compartilhou isso comigo.
Vovô Edvaldo Nogueira com a neta Julieta Carolina Westrup Soares Nogueira e o único filho, Maurício Nogueira.
BONS FRUTOS DE UMA UNIDADE PASSADA
“Nossa unidade já nos permitiu grandes conquistas: elegemos Jackson governador com Belivaldo vice, depois elegemos Belivaldo governador, reelegemos a mim como prefeito, elegemos Fábio governador e a Laércio senador. Além de Katarina e Yandra deputadas federais. Sergipe inteiro se beneficiou dessa união”
JLPolítica & Negócio – Além da candidatura de Yandra Moura, com vice e já lançada, agora se articula um novo grupo envolvendo Alessandro Vieira e Danielle Garcia, Katarina Feitoza, Fabiano Oliveira e o PP, cujo tom tem sido de críticas à Prefeitura. Quando foi que senhor virou adversário interno desse grupo?
EN – Não sei. De minha parte, trato a todos como aliados. Não sou adversário de ninguém desses. Katarina inclusive foi minha vice, ajudou muito na construção do projeto de cidade que erguemos na capital. Fabiano Oliveira é um amigo anterior à própria formação deste bloco atual, um companheiro por quem temos o maior carinho, gratidão e respeito. Alessandro e Danielle são agentes políticos de grande envergadura, parceiros que se juntaram ao processo de renovação política de Sergipe encarnado na figura do governador Fábio, pessoas que tiveram a coragem de tomar uma posição sábia quando o destino de Sergipe estava em jogo, e eu os admiro por isso. Portanto, não posso tê-los como adversários, a não ser que esse seja o desejo deles, o que não acredito. Acho que o que ocorre é, como disse antes, uma diáspora momentânea em que todos sentem a necessidade de expressar um desejo político pessoal ou de sua agremiação para comparecer ao debate que se trava no nosso grupo. Acredito e espero que marchemos juntos. Nossa unidade já nos permitiu grandes conquistas: elegemos Jackson governador com Belivaldo vice, depois elegemos Belivaldo governador, reelegemos a mim como prefeito, elegemos Fábio governador e a Laércio senador. Além de Katarina e Yandra deputadas federais. Sergipe inteiro se beneficiou dessa união. Eu espero que agora consigamos ver isso e possamos retribuir neste momento. Digo sempre que casa dividida não fica em pé.
JLPolítica & Negócio – O senhor não acha que parte da desunião em seu grupo pode ter vindo de uma precipitação sua ao lançar-se candidato a senador de um modo tão cedo?
EN – É possível que alguém raciocine com isso no horizonte, o que eu considero menor e precipitado. Eu quis deixar bem claro que não serei candidato ao Governo de Sergipe, e isso sim, poderia ser um fator de desunião. O que fiz foi me comportar como sempre me comportei na política, com transparência e clareza. Eu também tenho o direito de expressar um desejo político para o futuro. Creio que há espaço para todos no nosso agrupamento e eu sempre atuarei para o fortalecimento deste grupo.
JLPolítica & Negócio – Declarar-se um eleitor prévio de Fábio Mitidieri em sua reeleição de 2026 não atravancou seus caminhos também?
EN – Por que atravancaria? E por que eu deveria fazer diferente? Fábio é o governador que ajudamos a eleger. Estou do lado dele, torço e trabalho para o seu sucesso e está fazendo um bom governo… É natural que seja o nosso candidato à reeleição e, mais importante, que seja o condutor desse processo, como Belivaldo conduziu o seu e como o PDT tem o direito de conduzir essa sucessão em Aracaju. É isso que significa atuar em grupo.
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À ESPERA DE UM POUCO MAIS DE FÁBIO
“Fábio é meu amigo, sempre foi muito claro em suas posições e em seus compromissos, e eu sempre soube que não poderia esperar nada menos que a sua lealdade e o respeito à sua palavra. Mas é claro que o PDT quer o apoio político do PSD, da mesma forma que o PSD sempre teve o apoio político do PDT”
JLPolítica & Negócio – Ninguém pode negar que o governador Fábio Mitidieri tem sido correto ao reafirmar a sua posição de apoio à candidatura de Luiz Roberto. Essa atitude do governador contempla a expectativa do PDT ou ele estaria exercendo o dom da ubiquidade?
EN – Fábio é meu amigo, sempre foi muito claro em suas posições e em seus compromissos, e eu sempre soube que não poderia esperar nada menos que a sua lealdade e o respeito à sua palavra. Mas é claro que o PDT quer o apoio político do PSD, da mesma forma que o PSD sempre teve o apoio político do PDT. Isso significa que queremos o engajamento objetivo e claro na campanha de Luiz, que Fábio já declarou ser o seu candidato. Em 2022, por exemplo, contrariando os que apostavam na discórdia, o PDT se engajou na campanha de Fábio sem nenhuma reserva, mesmo tendo o meu nome sido preterido como candidato do grupo. É natural que, na nossa vez de comandar o processo sucessório, nós esperemos reciprocidade. E não apenas por uma questão de justiça, mas porque queremos o melhor para Aracaju.JLPolítica & Negócio – E em relação aos outros partidos que fazem parte do agrupamento, quais as expectativas suas e do PDT?
EN – O PDT gostaria de contar com a reciprocidade de todos. Construímos um projeto de cidade para Aracaju com a participação de todos esses partidos que fazem parte do nosso grupo. E todos estão representados na nossa gestão. É um projeto vitorioso e os aracajuanos reconhecem isso. Aliás, todos os aliados são unânimes em reconhecer os grandes méritos da nossa administração. E no campo político, ao longo dos anos o PDT trabalhou muito para construir essa unidade, cedendo quando necessário, reconhecendo a primazia de uns e outros de acordo com a conjuntura. Acho que é hora do grupo reconhecer isso e retribuir. O PDT é o responsável por uma gestão, como disse, vitoriosa à frente da Prefeitura de Aracaju, tem uma experiência de cidade que nenhuma outra pré-candidatura pode oferecer. É natural que comande o processo de sucessão e indique entre seus quadros aquele que melhor reúne as condições de continuar essa experiência administrativa de sucesso e possa fazê-la avançar ainda mais. Esse nome é Luiz Roberto.JLPolítica & Negócio – Então o senhor acha, por exemplo, que faltou gratidão de Zezinho Sobral, que foi eleito vice-governador por indicação do PDT e logo depois abandonou o partido?
EN – Gratidão é um valor que só pode ser cultivado em cada um. Nasce e vive em cada um, por isso mesmo só existe se for espontâneo e corresponder ao sentimento primordial de quem o nutre. Por isso mesmo nunca pode ser cobrada. Nós abrimos as portas do PDT para Zezinho e fizemos dele o vice-governador de Sergipe. Temos muito orgulho disso. O resto é com ele.
“O PDT não delegou o comando da sucessão municipal a ninguém. A liderança do governador é inquestionável, e é claro que ele deve ser parte ativa e importante desse processo. Reconhecer isso não significa, entretanto, abrir mão de uma prerrogativa política legítima que cabe ao PDT e a mim”
JLPolítica & Negócio – Por que o senhor delegou ao governador o comando da sucessão municipal em Aracaju? Ou não delegou?
EN – O PDT não delegou o comando da sucessão municipal a ninguém. Fábio é o governador do Estado e é o líder natural não só do nosso grupo, mas de um projeto político que vai além da capital. Além disso, somos amigos e, de minha parte, gosto de fazer política articulado com ele, analisando a conjuntura, o quadro político e projetando os passos a serem dados. E eu acredito no diálogo, no concerto de ideias. A liderança do governador é inquestionável, e é claro que ele deve ser parte ativa e importante desse processo. Reconhecer isso não significa, entretanto, abrir mão de uma prerrogativa política legítima que cabe ao PDT e a mim. Não significa que quero empurrar goela abaixo do grupo minhas decisões ou pensamentos. Não. Por isso quero continuar atuando em unidade com o governador e buscar, junto com ele, a unidade do grupo.
JLPolítica & Negócio – Seus aliados se queixam que o seu candidato, Luiz Roberto, é um nome desconhecido do público, tirado da cartola pelo senhor e, ainda e além, um ser sem carisma. Qual sua leitura de tudo isso?
EN – Ser (ainda) desconhecido pode não ser um defeito, mas sim uma substancial possibilidade. Aliás, com maior ou menor intensidade, vários candidatos que se tornaram vitoriosos iniciaram suas campanhas ainda desconhecidos. Belivaldo, por exemplo, mesmo sendo vice-governador e já ter sido deputado estadual por vários mandatos, era bastante desconhecido da população. As pessoas nem sabiam pronunciar o nome dele direito. Ele cresceu na campanha, no debate de ideias, apresentando o seu projeto aos sergipanos. Luiz Roberto se tornará conhecido no processo e as pessoas vão ver que agradável surpresa ele se revelará, tanto em conhecimento da cidade, quanto em capacidade de gestão. Se ele saiu de uma cartola, essa deve ser conjunta, minha e de Fábio: Luiz chegou ao serviço público, para a Presidência da Fundat, por indicação do PSD, quando Fábio era vereador de Aracaju. Nós conhecíamos o trabalho excelente que Luiz tinha feito à frente da Gerência de Comunicação da Petrobras e acreditamos que foi uma excelente indicação. Luiz participou de todo o planejamento estratégico da gestão de Aracaju, da definição de objetivos, e o trabalho que ele realizou à frente da Fundat e depois da Emsurb é o que o credenciou.
JLPolítica & Negócio – Mas Luiz Roberto conhece Aracaju suficientemente?
EN – Sim. Luiz conhece a cidade como nenhum outro pré-candidato. Conhece os seus problemas, apresenta soluções, e gerencia equipes como ninguém. E o PDT chegou ao nome de Luiz depois de muita discussão interna. Lembre-se que discutimos outros nomes: Waneska Barbosa, Jeferson Passos. Luiz se afirmou como nosso pré-candidato pelas suas qualidades: sua competência, sua capacidade de trabalho, a renovação de um ambiente político. Luiz tem o perfil desejado pelos aracajuanos para o seu prefeito. Essa história de carisma é risível. Não estamos numa competição de simpatia. E, aliás, essa é a opinião de quem hoje compete com ele. Considero que a opinião indispensável sobre Luiz deve vir da população e não de seus possíveis adversários.
Edvaldo Nogueira e a esposa Danusa Silva, com ele dando uma de atleta. Ela, sim, uma quase profissional
GESTÃO DE ARACAJU COMO CAPITAL POLÍTICO PRÓ-LUIZ
“O bom e reconhecido desempenho da nossa gestão, certamente não é suficiente para eleger Luiz Roberto, mas é um considerável capital político e eleitoral com o qual ele, e somente ele, conta. Para mim, a candidatura de Luiz representa o que há de melhor para Aracaju e não vou poupar esforços para fazê-la vitoriosa”
JLPolítica & Negócio – Para o senhor, então, seria estranho que o seu grupo resista a que o senhor, com uma gestão tão bem avaliada, indique o seu sucessor?
EN – Eu não posso responder pelas motivações dos outros. Mas, como diz um velho e sábio político sergipano, “política é o diabo”. É só perguntar a essas mesmas pessoas quem, nas cidades onde suas lideranças são prefeitos, comandará o processo sucessório…
André Moura: “Quando ninguém queria André, eu tive a coragem de trazê-lo para perto”
“EMÍLIA NÃO TEM EXPERIÊNCIA PRA ADMINISTRAR A CIDADE”
“Apesar de todo o respeito institucional que tenho por Emília, ela não tem a experiência necessária para administrar a cidade. Não tem um projeto claro de cidade, porque construiu sua carreira simplesmente fazendo uma crítica política à Prefeitura, fazendo oposição por oposição. Aracaju conhece os irmãos Amorim de longa data e já manifestou sua rejeição várias vezes”
JLPolítica & Negócio – Muitos dizem que o senhor não leva a candidatura de Luiz até o fim. Que ela não seria para valer. E tem-se visto pouca ação concreta sua em relação à campanha de Luiz. O senhor acha que só o desempenho da sua gestão é o suficiente para elegê-lo?
EN – O bom e reconhecido desempenho da nossa gestão, certamente, não é suficiente para eleger Luiz Roberto, mas é um considerável capital político e eleitoral com o qual ele, e somente ele, conta. Para mim, a candidatura de Luiz representa o que há de melhor para Aracaju e não vou poupar esforços para fazê-la vitoriosa. Porque não se trata apenas de uma candidatura e uma sucessão: para mim trata-se da defesa de um legado de conquistas que construímos nos últimos anos e que tem feito nossa capital se notabilizar perante as outras. Este projeto de cidade que construímos, que é tão caro aos aracajuanos, encontra em Luiz a melhor expressão de continuidade e avanço. Eu não vou abrir mão desse legado, dessa história que construímos, e do muito que ainda há pela frente. É por essa razão que Luiz é o meu candidato, porque ele encarna essa causa. Quem acha que essa candidatura é de brincadeira engana-se redondamente. Luiz é o meu candidato e eu vou com ele até o fim, para o que der e vier. Gostaria de marchar ao lado de todos os meus amigos e aliados, todos os que já ajudei a eleger, todos os que estiveram e estão conosco na administração, porque sei que Luiz é mesmo o melhor para a cidade. Ficarei triste se não puder contar com todos, mas seguiremos em frente. Meu compromisso com Aracaju não termina em 31 de dezembro de 2024. Eu me considero responsável, também, pelo futuro da cidade, pela continuidade desse projeto vitorioso que tem 74% de avaliação positiva. E Luiz é a pessoa que melhor pode dar continuidade a esse projeto, e ir além. Eu ainda não estou nas ruas batalhando por essa causa, mas estarei. Vou falar com a cidade, com os aracajuanos, com cada um dos que vivem nessa cidade e mostrar que o que está em jogo nessa eleição são a manutenção e o avanço das conquistas que a população alcançou ou o retrocesso dos interesses pessoais acima da coletividade ou até mesmo o perigo de Aracaju ser instrumento de interesses obscuros.
JLPolítica & Negócio – Não é contraproducente o fato de seu grupo estar se digladiando internamente, enquanto candidaturas de oposição, como a de Emília Correa, por exemplo correm soltas?
EN – Claro que sim. Perdemos tempo com isso, e eventualmente pode-se criar arestas que mais tarde tomarão esforço e tempo para serem eliminadas. Por isso a minha insistência na união do grupo.
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JLPolítica & Negócio – O que o senhor imagina que poderia acontecer com a gestão de Aracaju entregue a Emília Correa e aos irmãos Amorim?
EN – Apesar de todo o respeito institucional que tenho por Emília, ela não tem a experiência necessária para administrar a cidade. Não tem um projeto claro de cidade, porque ela construiu sua carreira simplesmente fazendo uma crítica política à Prefeitura, fazendo oposição por oposição. Aliás, oposição a nós, porque ela era aliada do governo anterior ao meu, e todos sabem que foi um desastre. Mas ela nunca disse nada, calou-se ante a destruição que nossa cidade sofreu. Aracaju conhece os irmãos Amorim de longa data e já manifestou sua rejeição várias vezes. Eles simbolizam um jeito de fazer política que a cidade não aceita. E tudo isso vai ser levado em conta pelo eleitor aracajuano. Nossa cidade teve uma experiência muito ruim quando trocou esse projeto por outro. Os aracajuanos não vão querer passar por isso de novo. E é justamente essa uma das principais forças de Luiz: ele é a única garantia de que Aracaju não vai retroceder, que esse projeto que implementamos e que melhorou as vidas de todos os aracajuanos nos últimos anos vai continuar.
JLPolítica & Negócio – Como é que está a estruturação do PDT em Sergipe inteiro?
EN – Estamos constituídos em 36 municípios. Temos seis pré-candidatos a prefeito – em Aracaju, Estância, Rosário do Catete, Porto da Folha, Japoatã e Riachuelo. Podemos ainda ter candidatos a vice-prefeito em Propriá e São Cristóvão. Além disso, estamos com chapa competitiva de vereadores em diversos municípios sergipanos.
JLPolítica & Negócio – Por fim, o senhor ainda acredita que poderá haver uma unidade no grupo?
EN – Acredito, sim, porque é a melhor atitude para o grupo. Mas não condicionamos a nossa atuação a isso. Sabemos da força que a nossa gestão tem, conhecemos o potencial do nosso candidato e confiamos que elegeremos o próximo prefeito de Aracaju.
Fábio Mitidieri, Luiz Roberto e Edvaldo Nogueira: pelo nesse trio, uma manifestação de unidade
Fonte e texto: JL Política