A prova (ou como somos vilipendiados por esse “sistema”)


O Concurso Público da Prefeitura Municipal de Estância foi sem dúvidas um dos mais aguardados pelos filhos dessa terra, berço da Cultura Sergipana. Excetuando o sol do último domingo de janeiro, esse dia foi sombrio e marcante para muita gente. A julgar pelos olhares, falas e conteúdos, me arrisco a descrever sobre um cenário revelador da nossa condição de Professor(as), bem como, as “exigências” efêmeras de uma “prova” para quem já leciona por longo tempo sem o tão desejado “cargo público”.

Penso em quem sacrificou os poucos recursos para participar de um curso preparatório (acelerado);
Penso em quem interrompeu a já difícil labuta e sacrificou o justo final de semana para mergulhar em vídeos “youtubianos” (show de bola), com figuras boçais (nem todxs) pra te dizer “o que vai cair”;

E o que caiu?
Caiu a esperança de quem acreditou que o conhecimento independe do fator político e as conjunturas de um mundo capitalista e seus implicadores. Senão, como justificar os questionamentos acerca do que não está próximo à nossa conduta pedagógica? Ou ainda, por questionamentos que de tão untados subterfúgios escorregadios não podemos tocar?

Me digam? O que “pares de meias” e “cores de canetas”, enquanto conteúdos, auxiliam na nossa conduta em sala de aula?

Aliás, aprendemos que a resposta é uma consequência direta da forma como inquirimos, então, por que usar de tantos artifícios hermenêuticos para indagar teoricamente a quem aprendeu com o engajamento da prática?

Isso muda em quê, a vida do menino ou da menina?

Professores, professoras…

Ide em paz e não aceite a voz interna do fracasso. Vcs lutaram, arriscaram reputações e foram humildes em aceitar a condição de que “essa prova não é pra gente”. Sim! Não é pra gente como nós. Que aprendemos nas páginas do chão da escola que o melhor “raciocínio lógico” é “aprovar os reprováveis” para acompanhar de perto a distância entre a escola e o abismo social. Aprendemos que a melhor “partícula apassivadora” não é o “se” mas, o “sim”! E, o abraço que segue pelo acolhimento…

Então, vcs não são pessoas “derrotadas” apenas alguém que faz parte de um sistema o qual não considera o sentido da palavra “professor” e que brinca e tripudia de uma categoria que o sistema quer ver suplantada por pessoas que são “sabidas” mas expulsam da sua realidade tudo aquilo que não está na prova!

E tem muita coisa que “sabemos” e não está lá!

E por isso, o nosso gabarito é outro!

Vamos “marcar” de outra forma?

Por Gnilson Ferreira

Que participou das provas de Agente Comunitário de Saúde e Pedagogia

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