“Bolsonaro paraguaio” é preso por incitar atos contra resultado das eleições após derrota


Extremista ficou em terceiro lugar e alegou fraude no pleito; seu vice descreve prisão como ‘perseguição política’

O extremista Paraguayo Cubas durante evento de campanha em San Lorenzo, no Paraguai – Norberto Duarte – 22.abr.2023/AFP

 

O terceiro colocado nas eleições do Paraguai, Paraguayo Cubas, extremista que é comparado a Jair Bolsonaro (PL), foi preso preventivamente nesta sexta-feira (5) por incitar atos contra o resultado das eleições de domingo (30). Ele foi detido em San Lorenzo, a 18km de Assunção, enquanto fazia uma transmissão ao vivo no Facebook.

A Polícia Nacional cumpriu um pedido de prisão feito na terça-feira (2) pelo Ministério Público, por “perturbação à paz pública” e por “incitação à prática de atos puníveis”, segundo confirmou à Folha a promotora Patricia María Rivarola, coordenadora das eleições pelo órgão.

O candidato a vice-presidente pela chapa de Cubas, o engenheiro eletricista Stilber Valdés, descreveu a prisão como uma “aberta perseguição política”. “É um ato arbitrário e que certamente fará com que a instabilidade social aumente”, afirmou ele ao jornal.

O conservador Santiago Peña foi eleito presidente do país com 15 pontos percentuais de diferença do segundo colocado, o liberal Efraín Alegre, e confirmou a hegemonia do partido Colorado, no poder há quase 70 anos. Foi a vitória mais folgada da sigla em 25 anos.

Alegre havia reconhecido a derrota no dia do pleito, mas depois dos protestos se juntou ao coro dos que pedem uma revisão da votação. Nesta sexta, ele publicou um vídeo pedindo a liberdade de Paraguayo Cubas e “de todos os cidadãos presos por pedir transparência”.

Cubas ficou em terceiro lugar, mas surpreendeu ao conseguir uma votação expressiva tanto em sua candidatura à Presidência quanto no Legislativo. Seu partido Cruzada Nacional, que concorreu pela primeira vez, elegeu 5 dos 45 senadores e 5 dos 80 deputados.

A Justiça Eleitoral, a Promotoria e as comissões internacionais que acompanharam a eleição confirmaram o resultado, apesar de diversos relatos de indução de voto que circularam durante o pleito, considerados comuns no país —quando uma pessoa entra na urna com outra para supostamente ajudá-la, mas induz a escolha.

A missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) concluiu que “não existe nenhuma razão que ponha em dúvida os resultados apresentados pela autoridade eleitoral”, e a União Europeia afirmou que “o processo eleitoral se deu de forma transparente e satisfatória”.

Fonte: Folha de São Paulo

 

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.