Da prevenção ao tratamento, combater a dependência química é um dever de todos
A falta de conscientização social, familiar e escolar, e consequentemente o crescimento do consumo abusivo de drogas, tem causado problemas complexos de saúde e de segurança pública nos centros urbanos.
Embora a Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (SENAD), preveja uma responsabilidade compartilhada entre União, Estados, municípios e sociedade, há uma nítida carência de formulação e execução de políticas públicas de prevenção, tratamento, reinserção social e combate às drogas, que vulnerabiliza direta e indiretamente toda a população, principalmente o público jovem.
Nesse preocupante cenário, evidenciamos a importância dos programas e projetos de prevenção que de forma planejada e organizada, estimulam hábitos e comportamentos saudáveis, estratégias redutoras de danos, promovem o debate e despertam a conscientização da juventude, objetivando diminuir e evitar os problemas decorrentes do uso abusivo de drogas e da dependência química antes que eles surjam.
A relação escola e família é importante nesse processo. Reuniões, trocas de experiencias e afinamentos de condutas possibilitam a construção e execução de atividades compatíveis ao grau de complexidade diagnosticado, uma vez que, os distúrbios comportamentais decorrentes do uso de drogas estão relacionados há diversas causas, entre elas, genéticas, familiares, sexuais, financeiras e sociais, o que torna a juventude principal vítima dessa grande endemia que aflige as famílias brasileiras.
Por outro lado, a pouca oferta de serviços públicos para dependentes químicos e seus familiares é um enorme problema, já que o número de hospitais, clínicas e centros de tratamento especializados são insuficientes para o público necessitado, e em sua maioria, as comunidades terapêuticas são empresas particulares, não disponíveis ao grande número de pessoas que precisam de tratamento emergencial.
Pensando nessa triste realidade, o Projeto INdependência Química, sediado no município de Estância, no Sergipe, luta desde 2015 para que os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD) específicos para o cuidado, atenção integral e continuada de pessoas de todas as faixas etárias, que apresentam sofrimento psíquico decorrente do uso de drogas, inclusive crianças e adolescentes (observadas as orientações do ECA), sejam implantados em municípios a partir de 50.000 habitantes, uma vez que, cidades com um número ainda menor já sofrem os efeitos da drogadição, e, a legislação vigente prevê somente a implantação em municípios ou regiões acima de 70.000 habitantes.
Esperamos contar com o apoio dos nossos representantes, no intuito de conseguirmos a alteração na legislação que dispõe sobre a implantação do CAPS AD nos municípios, reduzindo o número de habitantes exigido, para que possamos contemplar o maior número possível de pessoas que precisam de atendimento, bem como, uma maior parceria nesta luta diária em favor das famílias brasileiras.
Suely Barreto é coordenadora do Projeto Independência Química de Estância-SE