Extrema direita da Espanha tem ajuda de contas falsas para campanha nas redes


Milhões de tuítes favoráveis ao Vox têm islamofobia e fake news, diz estudo

RIO — Um estudo do Instituto para Diálogo Estratégico (IDS, na sigla em inglês), ao qual o jornal El País teve acesso, indica que uma rede de contas falsas vem fazendo campanha para o partido de extrema direita Vox , da Espanha, no Twitter. Os pesquisadores da instituição britânica identificaram 2.882 contas suspeitas de serem bots (ou seja, usuários falsos).

O conteúdo favorável ao Vox — 4,4 milhões de publicações dentro de um ano — vem acompanhado de mensagens islamofóbicas, enquanto cresce à medida que as eleições espanholas se aproximam. No próximo domingo, os espanhóis sairão às urnas para escolherem a próxima configuração do seu Parlamento;consequentemente, será definido o seu próximo primeiro-ministro.

De acordo com o El País, o estudo indica que esta mesma rede foi criada originalmente para disseminar conteúdo contra o regime da Venezuela anos atrás. Até que voltou à ativa em 2017. Foi naquele ano, após os atentados em Barcelona no mês de agosto, que começaram as publicações com discurso de ódio contra muçulmanos. Os textos incluem hashtags como #StopIslam (“Pare o Islã”) e #NoAlIslam (“Não ao Islã”), utilizadas milhares de vezes nos últimos dois meses.

Entre as mensagens de ódio, há também uma série de notícias falsas (as chamadas “fake news”) compartilhadas pelos supostos bots e verificadas pelos pesquisadores do IDS. Dentre elas, a falsa informação de que os muçulmanos na Espanha recebem mais subsídios públicos do que as famílias espanholas cristãs.

As estratégias políticas mencionadas pelo estudo britânico têm se inserido em eleições de vários países. Nos Estados Unidos, uma investigação conduzida pelo procurador especial Robert Mueller acusa supostos agentes do governo russo de liderarem  campanhas de fake news nas redes sociais na campanha presidencial de 2016 e de hackearem computadores da então candidata democrata, Hillary Clinton.

O Vox é um partido nacionalista, xenófobo e contra a imigração. Provavelmente se tornará o primeiro grupo de extrema direita em quatro décadas a entrar no Parlamento espanhol. Em dezembro último, a legenda surpreendeu ao obter 11% dos votos nas eleições da Andaluzia, conseguindo que a extrema direita entrasse em um parlamento regional pela primeira vez desde a restauração da democracia após a morte do ditador Francisco Franco em 1975. Desde então, sua popularidade vem crescendo.

Fonte: O Globo

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