Lúpus: doença autoimune que mata


Um dos tipos de lúpus acomete mulheres em idade reprodutiva

O lúpus eritematoso é uma doença crônica autoimune que pode acometer tanto a pele (lúpus eritematoso cutâneo) como também outros órgãos, como articulações, coração, pulmões, rins, sangue, olhos, sistema nervoso (lúpus eritematoso sistêmico). A causa ainda é pouco conhecida, mas fatores genéticos, ambientais, hormonais e imunológicos participam no surgimento da doença. Dentre os fatores ambientais, a exposição à sílica, o tabagismo, contraceptivos orais, terapia de reposição hormonal pós-menopausa, radiação ultravioleta, dentre outros. Em indivíduos predispostos, podem determinar o aumento do risco de desenvolver a doença.

O lúpus eritematoso sistêmico (LES) acomete mais frequentemente mulheres em idade reprodutiva, estimando-se, no Brasil, uma incidência de cerca de 8,7 casos para cada 100.000 pessoas por ano. A mortalidade dos pacientes com LES é de cerca de 3 a 5 vezes maior que na população geral.

De acordo com a dermatologista Lenise Franco, o diagnóstico de LES se baseia em critérios clínicos, dos quais quatro são cutâneos, dentre os quais a sensibilidade ao sol. Outros critérios são articulares, alterações neurológicas, renais, sanguíneas e imunológicas, detectadas por exames laboratoriais.

“O tratamento inclui dieta balanceada; proteção contra a luz ultravioleta com roupas de manga longa (preferencialmente de tecidos com proteção UV) e chapéus, além de protetores solares com FPS maior ou igual a 30; suspender o tabagismo; evitar gravidez durante a atividade da doença; por outro lado, em caso de necessidade de contraceptivo hormonal oral, dar preferência àqueles com baixa dose de estrógeno; dentre outras medidas”, afirma a médica.

O tratamento medicamentoso, segundo Lenise Franco, varia de acordo com o quadro clínico e resposta terapêutica de cada paciente, o qual deve ser indicado pelo médico dermatologista (quando a doença for restrita à pele- lúpus eritematoso cutâneo) ou pelo médico reumatologista (quando se tratar de lúpus eritematoso sistêmico), os quais serão responsáveis pelo acompanhamento do paciente.

“Varia desde corticosteroides de uso tópico (na doença cutânea localizada), até corticosteroides orais, drogas imunossupressoras e atualmente os imunobiológicos. Mas, atenção. Tanto o diagnóstico quanto o tratamento devem ser feitos e indicados pelo médico (dermatologista e/ou reumatologista), não se admitindo, sob qualquer circunstância, a automedicação”, alerta a dermatologista.

Maria Joana (nome fictício) é portadora do lúpus cutâneo e sua mãe também. Ela declara que sempre fez exames, mas nunca foi detectado. Porém, nas vésperas do seu casamento teve anemia muito forte e febre, sem qualquer justificativa inicial, já que seus exames estavam todos normais, inclusive, o de ferro no sangue.

“Fiquei internada e fiz vários exames, mas mesmo assim o lúpus não apareceu. E ele era a principal suspeita. Quando voltei de lua de mel retornei ao médico, ele repetiu os exames e finalmente foi detectado. Fiquei internada para esperar a febre passar e a anemia melhorar, mas não passei por nenhum procedimento cirúrgico”, relata.

Na gravidez houve o aparecimento de um rash cutâneo no seu rosto, que é um dos sintomas do lúpus. Ela afirma que toma medicação desde sua gravidez.

“Estamos fazendo exames para passar outros medicamentos mais fortes, já que não amamento mais, para que o meu rosto melhore definitivamente. A minha filha só mamou um mês. Há 8 meses estamos tentando sarar meu rosto com medicamentos mais leves para evitar tomar o mais forte. Mas como até agora não tivemos um bom resultado, vamos mudar o tratamento. A minha médica é bem cautelosa nas medicações e cuidadosa, ela gosta de passar muitos exames para ter segurança no que faz’, complementa.

 

Fonte: CINFORM

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