O Golpe no Golpe!



O papel da segunda-Secretaria da Câmara dos Deputados é um dos cargos mais importantes e influentes da Casa e tem a responsabilidade de cuidar das relações internacionais da Câmara. Também é função do Segundo Secretário administrar os pedidos de passaportes diplomáticos dos demais deputados e criar relações com as embaixadas de outros países no Brasil.
Foi assim a eleição para o cargo da 2ª secretaria da mesa da Câmara Federal que aconteceu hoje, 03 de fevereiro de 2021. Com isso, se consolidou um novo racha dentro do PT. Na verdade, essa novela tem capítulos anteriores. Tudo começa na eleição para Presidente da Câmara Federal, onde o PT definiu irrestrito apoio ao Deputado Federal Baleia Rossi (MDB/SP) que era o candidato do Deputado Federal Rodrigo Maia (ex-presidente daquela casa e que não deixará saudades). Pelo resultado a disputa pragmática e/ou programática para alguns não se materializou nem como tática e pior como estratégia. Visto que, desde o início setores do PT tentaram convencer a sua militância e principalmente a opinião pública que o acordo com Rodrigo Maia e o Baleia era para fortalecer a democracia. Mas, quando a arrogância e soberba viram nossa bússola, anula qualquer chance de edificarmos sequer um ‘O’ na areia. Foi o que retratamos nessa novela chamada eleição da Câmara para o PT. A opinião pública não entendeu o tal apoio tático do partido a Maia e ao Baleia, bem menos o bate cabeça entre as correntes internas na disputa da 2ª secretaria entre a Deputada Marilia Arraes (PT/PE) e o Deputado João Daniel (PT/SE).
Mais uma vez, assistimos o bate cabeça de um partido que tem um patrimônio politico robusto e que deu sua contribuição para um momento próspero e eficaz em nosso país. Vimos o PT fragilizar o discurso e perder para si mesmo.
São essas contradições que tem fragilizado o PT como arquiteto de um bloco de esquerda que tenha como principal objetivo fortalecer nossa democracia, de retirar o Bolsonaro, seja pelos caminhos institucionais legais e/ou eleitorais em 2022.
Quando digo que foi golpe no golpe quero dizer o seguinte: o PT se aliou a quem deu um GOLPE em seu projeto em 2016, retirando uma presidente honesta e legítima com a desculpa que era tático e estratégico para a disputa da Presidência da Câmara Federal, com a derrota acachapante tentou se recompor na eleição da Mesa da Câmara Federal, daí, os capas pretas, digo, capas vermelhas tentaram golpear a Deputada Marília Arraes e aí o tiro saiu pela culatra, Marília que já entendeu perfeitamente a lógica interna, colocou seu nome na disputa de forma avulsa e deu um drible daqueles que só víamos com o craque das pernas tortas, o saudoso Garrincha, dar o famoso Best Skills & Dribbles Ever.
A deputada Marília Arraes que já estava desde a primeira formatação do bloco de apoio ao Baleia e como diz aquele velho ditado: “Gato escaldado tem medo de água fria”, Marília que já teve em 2018 a sua candidatura ceifada a governadora em Pernambuco pelos próprios correligionários da cúpula nacional, acabou sendo derrotada novamente internamente para assumir a vaga na 2ª secretaria da Câmara Federal. No entanto, não se limitou a ficar quieta e fez valer a máxima: quem espera sentado é sempre o último e daí com a brasa pouca garantiu logo a sua sardinha primeiro.
O que essa mesma cúpula não imaginava era que a menina que carrega o sangue dos Arraes na veia fosse se rebelar e enfrentar o grupo que se diz mais “ideológico” dentro do partido. O Daniel dormiu segundo–secretário e teve a sorte de acordar Deputado, porque a queda foi feia, me lembrava as trolagens do tempo de criança quando dizíamos nomes de filmes que não existia, a exemplo de: “A volta dos que não foram”.
Bom o fato é que a pernambucana concorreu de forma avulsa para o espaço da 2ª secretaria na Mesa Diretora da Câmara Federal. O PT indicou oficialmente o nome de João Daniel (PT/SE) para a disputa, mas a parlamentar estava otimista e decidiu encarar na disputa.
Como foi uma eleição de dois turnos, Marília Arraes chegou a ter mais votos que os dois correligionários na disputa do primeiro turno. Ela teve 172 votos contra 166 de João Daniel. Em terceiro lugar, o deputado Paulo Guedes (PT) teve 54 votos e não chegou a passar para a segunda etapa da eleição interna.
Marília venceu a disputa pela segunda secretaria da Câmara Federal. Ela obteve 192 votos contra 168 do petista João Daniel (PT). Com isso, Arraes é a terceira mulher a ocupar um espaço na atual composição da Mesa Diretora da Casa.
Pela sua rede social a Deputada Marília Arraes disse o seguinte: “É necessário entender que parlamentares mulheres têm sim, a capacidade de ocupar espaços importantes e de decisão. Nossa eleição foi resultado de uma articulação intensa e democrática e demonstra a confiança que conquistamos nos últimos anos entre os colegas deputados da Casa”.
Disse ainda: “É importante destacar que nós, mulheres, assim como os jovens e outros representantes da minoria numérica que compõe o Parlamento, não podemos esquecer de que no ambiente legislativo existem muitas convenções, costumes e acordos, em todas as bancadas, independentemente de coloração partidária. E, infelizmente, a maioria dessas “regras comuns” não consideram a necessidade de se abrir espaços para nós. Por isso, minha eleição tem sim um significado muito importante”.
O que ficou como grande resultado para opinião pública é que o grandes problemas do PT estão dentro do próprio partido.
Contudo, O que pensar? O que defender? O que dizer?

Mário Dias

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