O recado das urnas na eleição mais esquisita da história na cidade de Estância
Em política, o que não é possível é falso. (Antonio Cánovas del Castillo)
A política não é para amadores e muito menos para os descapitalizados, isso ficou mais que provado nesta eleição, onde as duas campanhas mais estruturadas se diferenciaram das demais em todos os aspectos. A eleição de 2024 na cidade de Estância foi “esquisita”, para não usar adjetivos mais severos. Mas, o fato é que nunca se viu uma eleição como essa. O W.O. tão cantado em verso e prosa, virou uma eleição disputada, marcada por altos índices de rejeição de todos os lados, com nervos à flor da pele, acusações, fake news, guerra de pesquisas e, não fosse a divisão da ‘oposição’, que não soube fazer a leitura certa, provavelmente o resultado seria outro. O prefeito eleito André Graça (PSD), foi o mais sagaz e mostrou habilidade na montagem de um grande arco de alianças, com Gilson Andrade, Filadelfo Alexandre, Zé Nelson, Humberto Ralin, Misael Dantas, Carlos Magno (que há dois dias do pleito deu uma declaração bombástica e que segundo o prefeito Gilson Andrade, acabou tirando a eleição do próprio filho Tito Magno) e Ivan Leite que a bem pouco tempo atrás era pré-candidato e estava em segundo nas pesquisas de opinião, dentre outros apoios, a começar pela quantidade de vereadores que o apoiavam, só 10 estavam no seu partido o PSD, e alguns outros em partidos da base aliada, numa aliança que envolvia PSD, PP, União Brasil, PSB e Podemos.
Mas o que realmente surpreendeu nestas eleições foi a votação do candidato do PDT, Joaquim Ferreira, que mesmo sem ter uma chapa de vereador com mandato obteve mais de 13 mil votos, se tornando a segunda força política no município, posto que era ocupado pelo psolista Márcio Souza desde de 2020, quando o mesmo perdeu as eleições para o prefeito Gilson Andrade (PSD). A expressiva votação em Joaquim Ferreira acende um sinal de alerta na classe política, que precisará estudar o eleitorado estanciano à finco. A representante do PL e do bolsonarismo local, Rebeca de André Davi (PL), ficou em terceiro lugar com quase 4 mil votos e Márcio Souza (PSOL) amargou a quarta colocação com quase 3 mil votos, foi um grande revés para o campo progressista que devido a falta de uma unidade concreta e palatável na sociedade, sai do processo eleitoral de 2024 com mais ranhuras do que entrou. Já a candidata Suely Barreto ficou na quinta colocação com 1273 votos.
Acredito que seja o momento do campo progressista mais à esquerda, rever o discurso, fazer uma autocrítica e buscar uma nova forma de dialogar com a sociedade estanciana, que literalmente não aceitou ou não compreendeu as propostas apresentadas pelo PSOL e o PT nestas eleições.
André Graça e Joaquim Ferreira saem grandes da eleição, resta saber o que farão com o capital político a partir de agora. André com certeza terá que fazer uma gestão muito melhor que a do prefeito Gilson Andrade, para chegar bem na reeleição em 2028. Com relação a Joaquim, já começaram os rumores de que o mesmo será candidato a deputado federal em 2026, com o objetivo de manter o espólio adquirido em 2024 e chegar bem em 2028. Será? Há quem diga também, que o mesmo será candidato a deputado estadual, assim teria mais chances devido a chapa do PDT ser mais fácil de se conseguir o mandato, diferentemente da chapa do PSD que sempre tem fortes nomes disputando, o que fará com que o prefeito Gilson Andrade faça um esforço hercúleo para conseguir voltar a ALESE.
Dando um pitaco sobre as eleições proporcionais, a Capital Brasileira do Barco de Fogo teve a maior renovação já vista, com 8 novos vereadores que tomarão posse a partir de 01/01/2025. Os eleitos e reeleitos são: Kaique Freire (PSD), Larissa de Sérgio (PSD), Zé da Paz (PSD), Sandro de Bibi (PSD), Marta Monteiro (PSD), Pedro Marcelo (PP), Isaías Negobia (PSOL), Fávio Brasil (PSD), Jorginho da Praia (PSD), Elenilton Camelô (PDT), Cleide de Júlio Camelô (Cidadania), Artur Oliveira (PT), Ninho de Bado (PP), Carlos Blinofi (UB) e Henrique CDs (UB), um resultado excelente para o prefeito eleito que segundo algumas fontes terá na base aliada, 13 dos 15 eleitos. Outro fato interessante é que o prefeito Gilson Andrade (PSD) mostra sua força ao eleger Marta Monteiro (PSD) no chapão, que deixou fortes nomes de fora como os vereadores Dode e Alinete Soares, além do ex-vereador Tito Magno.
De acordo com uma fonte, o vereador Kaique Freire (PSD), será o presidente da Câmara Municipal nos dois primeiros anos, ou seja, biênio 2025/2026 e Zé da Paz (PSD) será nos dois anos finais, biênio 2027/2028, já que os vereadores aprovaram uma emenda acabando com a reeleição da mesa diretora, o que dá uma certa tranquilidade ao vice-prefeito eleito Cristóvão Freire (UB) na linha direta de sucessão em 2028.
E a oposição? Como irá se comportar a partir de agora?
Só o tempo dirá.
Por Cláudio Hiroshy