Sexo após os 60: geriatra defende quebra de tabus


Atividades sexuais de idosos ainda são encaradas como tabu

Quebrar tabus nas últimas décadas têm sido algo comum para a população acima dos 60 anos. Seja na educação, no mercado de trabalho ou na prática de atividades físicas, eles buscam diariamente romper as barreiras do preconceito presentes ainda hoje. Apesar disto, a prática de relações sexuais após esta idade ainda é encarada como um tabu para boa parte da sociedade, que não enxergam a pessoa idosa como alguém sexualmente ativo.

De acordo com a Geriatra Dra. Luana Brandão, atualmente, a população acima de 60 anos tem uma vida mais saudável e ativa, e o tabu da sexualidade deve ser quebrado nos próximos anos. “As pessoas idosas de hoje são diferentes daquelas de vinte ou trinta anos atrás, elas são ativas, praticam atividades, saem e namoram, ou seja, tem sua vida como a de um jovem. Esse tabu é algo que deve diminuir nos próximos anos, nós vamos começar a vivenciar esta população”, acredita.

Segundo a especialista, não existe uma frequência ideal a ser indicada, nem uma obrigatoriedade na prática das relações, estas questões dependem de como cada indivíduo se sente em relação a isso. “Não existe uma frequência recomendada, isso é muito pessoal, vai de acordo com cada relacionamento. Não é uma indicação médica, é algo que precisamos encarar com naturalidade, alguns pacientes idosos que não tem atividade sexual por escolha, ou por sentirem desconforto”, explica.

Conforme a doutora, a atividade sexual a partir dos 60 anos deve ser encarada como algo natural, já que além de proporcionar prazer, ela propicia inúmeros benefícios para a saúde. A prática de atividades físicas, segundo ela, são importantes para o desempenho sexual. “A atividade física é um protetor para as doenças cardiovasculares e osteoarticulares, como a artrose. Ela é um auxílio muito grande para se manter ativo sexualmente”, declara.

Mudanças corporais e doenças

A partir desta idade, tanto o corpo das mulheres quanto o dos homens, passam por modificações que influenciam diretamente no ato sexual. A mudança na aparência por conta do envelhecimento e a queda hormonal são apontados como as principais causas da diminuição ou interrupção da prática. “A queda hormonal é algo relevante principalmente nas mulheres por causa da menopausa, é algo que acontece em todas a partir dos 50 anos. Elas começam a ter um deficit de hormônios, que vai provocar a queda da libido e alteração física na própria região vaginal, que consequentemente acarreta em desconforto e a recusa em ter atividade sexual”, detalha.

A geriatra ainda explica que a queda hormonal também ocorre nos homens, mas com menor impacto. Alterações como diabetes, hipertensão e o hábito de fumar, segundo ela, podem acarretar na dificuldade de ereção ou na ejaculação.

Além das doenças que afetam a parte física, as psicossomáticas como depressão, ansiedade e stress são apontados pela especialista como obstáculos para a prática de atividades sexuais, tanto na população idosa, quanto nos mais jovens. “É algo de extrema relevância. Se você não está bem, com problema emocional ou psicológico, isso vai interferir na libido e na atividade sexual”, afirma.

Redescobrindo o próprio corpo

Segundo a geriatra, entender e redescobrir o seu corpo junto ao seu parceiro é algo que deve ser feito para que a atividade sexual seja prazerosa para ambos. “Muitas pessoas veem atividade sexual apenas como penetração, mas não é só isso. Existem outras maneiras de se descobrir, outros pontos erógenos, de sensibilidade, que vão dar prazer a este indivíduo e não necessariamente precisa estar ligada a penetração. O casal tem que se conhecer, se respeitar e saber das limitações de cada um, para que isso aconteça de forma natural”, declara.

Alerta às DST’s

Apesar de acreditar nas mudanças que devem ocorrer na sociedade com o passar dos anos, em relação ao tabu da sexualidade para estas pessoas, a geriatra alerta para a falta de instruções que estas pessoas tem quando se trata das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s). “Essas doenças acabam sendo prevalentes nesta população por conta deste tabu que é colocado. Não se orienta a essa população de como se manter prevenido, a usar o preservativo, e acabam sendo marginalizados no sentido de falta de orientação. A gente precisa entender que eles tem relações sexuais e precisam ser orientados quanto a essas doenças”, alerta.

Naturalizar os tabus

A geriatra ainda declara que é importante o incentivo à prática de atividades sexuais para essas pessoas. “Em casa, é importante que os familiares não intimidem ou tratem com surpresa isso, deve ser visto com naturalidade”, finaliza.

Por Yago de Andrade e Raquel Almeida

 

Fonte: Infonet

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