Uma quadrilha assalta o país sob o silêncio das panelas!


 

A panela é um utensílio de primeira necessidade numa casa, a raça humana precisa da sua presença e atuação cotidiana, sem ela não dá para se levar uma vida minimamente normal. Entretanto, uma coisa importante está faltando: o alimento.

A história da panela remonta às primeiras sociedades que se têm notícia. Povos antigos como os africanos e indígenas, grandes civilizações como os maias, têm registro da utilização de panela feita de terra molhada, moldada e assada em fogueira ou forno.

No Brasil as paneleiras de Alegre e de Vitória, no Espírito Santo, são referência nacional. Outra cidade conhecida pela produção é Pirenópolis, em Goiás. Logicamente que existem outras localidades que produzem o artesanato.

O compositor Sérgio Reis musicou esse instrumento com a composição: “panela velha é que faz comida boa”. Sem discutir a intenção da música, logo dá para perceber que ela povoa inclusive o imaginário artístico e popular.

Todavia, a panela enquanto fenômeno político-acústico surgiu no Chile, na famosa manifestação dos “cacerolazos” com a Primeira Marcha das Panelas Vazias, em 1º de dezembro de 1971, na Praça Itália, centro da capital Santiago, liderada pela elite com forte participação da classe média contrária ao presidente Salvador Allende (1908-1973).

A liderança do movimento era Carmen Saenz Perpelle, uma fazendeira de Temuco, cidade situada a cerca de 620 Km de Santiago que tinha uma orientação da direita e o apoio do grupo paramilitar e reacionário Pátria e Liberdade.

No ano de 1982, no final da Ditadura Argentina (1976-1983) essa forma de protesto chegou a Buenos Aires, mas com o mesmo perfil conservador e a serviço da velha direita latino-americana. Posteriormente ocorreram outros panelaços no país.

Na América Latina aconteceram atos do mesmo tipo na Venezuela, Colômbia, Uruguai e Cuba; na Europa alcançou a Grécia, a Espanha e a Turquia, além disso, essas manifestações ocorreram até em países de alto nível de desenvolvimento como o Canadá e Islândia.

No Brasil, a “direita”, em 2016, através de movimentos reacionários como “Brasil Livre” e “Vem Pra Rua” realizaram panelaços em várias cidades, objetivando denunciar a corrupção petista. Tudo com coberturas televisivas em tempo real.

O processo de manipulação foi grotesco, o objetivo na verdade era dar o golpe na presidenta Dilma Rousseff, que não havia cometido crime algum, para suspender a agenda progressista e popular, colocando em prática o velho projeto da elite.

As panelas de Teflon e da Tramontina, de cozinhas planejadas e nas mãos de gente branca e rica, que nunca passou fome e até desdenha do ‘bolsa família’, foram às ruas e conseguiram consolidar o golpe jurídico-parlamentar, em 31 de agosto de 2016.

De lá para cá se instalou no Palácio no Planalto, em Brasília, um presidente golpista, ilegal e ilegítimo apontado publicamente como o “chefe de quadrilha mais perigosa do Brasil”. Essa afirmação se comprova a cada dia. A corrupção é avassaladora!

A situação do país é dramática. A pauta do governo golpista é um misto de corrupção e retirada de direitos da classe trabalhadora. Um verdadeiro escárnio. A pergunta que não quer calar: por que uma quadrilha assalta o país sob o silêncio das panelas?

 

Dominguinhos Machado

Professor da rede estadual e presidente do PT de Estância

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