Virginia terá primeira mulher transgênero a assumir cargo legislativo nos EUA
Danica Roem derrotou conservador republicano que queria restringir uso de banheiros a trans e proibir gays na Guarda Nacional do estado. Ex-repórter e vocalista de banda de metal teve 54% dos votos de seu distrito.
Uma mulher na Virginia será a primeira pessoa abertamente transgênero eleita a assumir um cargo legislativo estadual nos EUA ao vencer um dos políticos mais conservadores do estado nas eleições de terça (7). Mas a democrata Danica Roem diz estar focada em consertar estradas congestionadas e tornar a Assembleia Geral mais transparente.
“Quando falamos em ser histórico, sim, será histórico quando uma mulher transgênero finalmente ajudar a consertar a Rodovia 28, porque é isso que vim aqui fazer. É para isso que concorri. Fui muito, muito específica sobre os assuntos aos quais me dedicaria”, disse Roem à emissora FOX5 em Washington, especificando semáforos que precisam ser substituídos e passagens que precisam ser construídas.
Roem, uma ex-repórter e vocalista há anos de uma banda de metal, derrotou o republicano Bob Marshall, conquistando 54% dos 22 mil votos no distrito da Câmara dos Delegados do norte da Virgínia.
Ela será a única legisladora trans declarada nos EUA e a primeira a ser eleita e assumir, segundo a Victory Fund, um comitê de ação política que trabalha para eleger pessoas LGBTQ assumidas.
Roem iniciou sua transição de gênero há cerca de cinco anos, quando tinha 28 e começou a fazer terapia de reposição hormonal no final de 2013. Enquanto fala abertamente sobre isso, dizendo que “fundamentalmente mudou minha vida para melhor” – ela deixou claro ao longo dos meses de campanha que preferia focar em empregos, escolas e melhorias na Rota 28, uma das vias mais congestionadas da região.
“Trarei uma sensibilidade de repórter aqui para Richmond, para que possamos realmente conquistar as coisas que quero fazer sem hipérboles, sem discriminação”, disse à FOX 5.
Ela passou cerca de uma década trabalhando para o “Prince William Times” e o “Gainesville Times”, ambos jornais locais de Virginia, após se formar na St. Bonaventure University em Nova York e trabalhar em jornais de lá. Trabalhar como repórter a ensinou a ouvir e entender as pessoas, dizia Roem em seu site de campanha.
Roem diz que quer criar um ambiente mais inclusivo, para que “não importando sua aparência, de onde você vem, como você adora ou quem você ama – você seja bem-vindo e celebrado na Virginia por quem você é, não apesar disso”.
Seu oponente era controverso, e apoiava uma lei que iria restringir quais banheiros pessoas transgênero poderiam usar. Marshall com frequência irritava seu próprio partido. Ele foi autor de uma emenda agora inconstitucional que definia o casamento como entre um homem e uma mulher, e defendia uma lei que bania pessoas gays de servirem à Guarda Nacional da Virginia.
Durante a campanha, Marshall e outros republicanos repetidamente identificaram de forma errada o gênero de Roem.
Após a derrota, Marshall disse em uma declaração no Facebook que “por 26 anos tive orgulho em lutar por vocês, e lutar por nosso futuro. Embora todos nós desejássemos que esta noite tivesse terminado de forma diferente, estou profundamente grato por seu apoio e esforço ao longo dos anos”.
Desde que Marshall foi eleito pela primeira vez em 1991, seu distrito no subúrbio se tornou mais populoso e diverso. Em novembro do ano passado, ele foi um dos 17 distritos controlados por republicanos nos quais Hillary Clinton derrotou Donald Trump na corrida presidencial.
A vitória de Roem foi a maior entre os candidatos transgênero na terça. Minneapolis elegeu Andrea Jenkins, uma mulher negra transgênero, para seu conselho municipal. O Victory Fund disse que ela foi a primeira mulher abertamente transgênero eleita para um conselho municipal de uma grande cidade nos EUA.
Tyler Titus, que é abertamente transgênero, conquistou um assento em um conselho estudantil no oeste da Pensilvânia.
“2017 será lembrado como o ano do candidato transgênero – e a heroica chegada de Danica ao cargo é a peça central desse movimento nacional”, disse a chefe executiva do Victory Fund, Aisha C. Moodie-Mills em um comunicado.
Há um ano, uma mulher transgênero foi eleita para legislatura em New Hampshire, mas não assumiu o cargo, segundo a Victory Fund. E em Massachusetts, uma mulher transgênero assumiu um cargo legislativo, mas não fez campanha abertamente como uma pessoa transgênero. Ela não se reelegeu.
Fonte: G1