“Artistas e políticos em Estância: um flerte previsível”, diz Fábio Sabath


 

Começaram os movimentos de aproximação entre a classe artística e a política. Todos interessados em ouvir e falar as mesmas anedotas já gastas e cansadas de serem repetidas ao longo dos anos. Passionais, os artistas querem ser acolhidos para discorrer sobre uma lista de pedidos, como quem deseja receber presentes do Papai Noel, e para os menos exigentes, isso basta.

Se você é um artista, espero que esteja tudo bem contigo, mas vamos ao que interessa, então: Enquanto não mudarmos abruptamente o modelo de gestão da cultura em Estância, nem Jesus Cristo conseguirá resolver nossas questões, se puder atuar no 1º escalão. Aliás, dependendo do modelo atual, ele não conseguiria nem descer à Terra sob o argumento da falta de verba. Pois é, mas a falta é de muita coisa além do recurso.

Cultura é uma área subestimada, submetida aos discursos de encanto e ludibriada pelas ideias abstratas, soluções mágicas e conclusões difusas. Sem elementos concretos para análise, o setor não compreende que o problema não está, organicamente, na falta de uma programação cultural, por exemplo, mas nas ações/inações que impedem Estância de se elevar ao patamar que merece.

Foquemos no que importa! O modelo de gestão precisa mudar inteiramente. Quem vencer deve compreender a Secretaria de Cultura como uma repartição de mapeamento, captação, promoção e acompanhamento das diversas alas do setor cultural. Ter objetivos e métricas palpáveis para que nós, povo, artistas ou não, saibamos com detalhes para onde se vai, quando, como e quanto custa. Ter equipe técnica no corpo primário, desligada ao máximo do gestor da vez, ao invés de indicações políticas, frutos das trocas de favores, e uma equipe profissional/popular no corpo secundário que reflita a diversidade de manifestações para as quais ela trabalhará.

Todos os sonhos cabem numa folha de papel, mas como será o amanhã, quando o que está escrito for ignorado em nome da manutenção do Poder? Quem se disporá a proteger a cultura estanciana como parte do seu legado contra as forças do atraso que estão sempre cavando formas de obter vantagem? É disso que se trata, senhoras e senhores. Tudo o mais é apenas flerte.

Por Fábio Sabath

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.