Direita perde dois candidatos de uma vez: Huck e Doria estão fora do páreo


O apresentador da TV Globo Luciano Huck e prefeito tucano João Doria foram abatidos por ‘fake news’, factoides e denúncias de fraudes em doações de medicamentos, respectivamente. Eles deixam a direita com poucas opções contra o líder petista.



Por Redação – do Rio de Janeiro e São Paulo

O fim da candidatura de Luciano Huck à Presidência da República, ainda que nunca tivesse sido anunciada, acabou antes mesmo de começar. O apresentador de TV deixou vazar, tão discretamente quanto sua disposição de encarar uma campanha presidencial, que não está disposto a correr o risco. A decisão aconteceu, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, horas após desmascarada a pesquisa de opinião que o colocava entre os principais candidatos ao posto. O estudo, simplesmente, não existia. Era uma notícia mentirosa do jornal O Estado de S. Paulo, onde foi publicada com destaque na primeira página da edição desta quinta-feira.

A aventura acalentada pelo apresentador da Globo Luciano Huck, desencantada na noite de quarta-feira, a amigos e familiares, contava com o apoio das Organizações Globo. Mas a situação jurídica do grupo é perigosa, diante dos processos que enfrenta nas esferas nacional e internacional.

‘Fake news’

O grupo que domina a mídia no país, em uma espécie de cartel, é acusada de cometer atos de corrupção junto à Federação Internacional de Futebol (Fifa, na sigla em francês) e outras federações desportivas no Brasil e na América Latina.

Mas, com a publicação da pesquisa falsa, no ‘Estadão’, denunciada como “fake news” (notícia mentirosa, na tradução livre do termo, em inglês), que mostrava suposto crescimento do nome de Luciano Huck junto ao eleitorado, Huck jogou a toalha. Estava selado o seu afastamento, da mesma forma que o do prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB). A direita, no país, não apenas contabiliza um novo fracasso e teme que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisa liderar a corrida presidencial.

Na noite passada, Doria admitiu a interlocutores, pela primeira vez, que havia desistido de concorrer a uma vaga para presidente da República, no ano que vem. Ele ainda vai tentar ser candidato ao governo paulista. Mas nem isso está certo, pois teria que concorrer com seu arquirrival, o senador José Serra.

Outro escândalo

Dória disse ao apresentador José Luiz Datena, da TV Bandeirantes, que para isso precisará do apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB), seu padrinho político. Este, no entanto, não escondeu a decepção com o pupilo após ser traído com a intenção de concorrer ao posto que ele almeja. Agora, Doria tenta se restabelecer, jurando fidelidade aos planos do mestre, que se consolida como candidato tucano para o ano que vem.

Ocorre, no entanto, que possa ser do interesse de Alckmin se manter o mais longe possível da cria; uma vez que começam a pulular escândalos sobre sua administração à frente do município paulistano. Após o fiasco de dimensões nacionais, com o factoide da ‘ração de astronautas’, que não passava de comida velha transformada em barras e grãos empacotados, uma nova denúncia explode, nesta sexta-feira.

Empresas e laboratórios químicos beneficiadas com isenções fiscais milionárias; livres do custo para o descarte, doaram remédios à Prefeitura de São Paulo que não podiam mais ser aproveitados. Doria adquiriu 165 tipos de medicamentos com prazo de validade quase vencido; sem nenhuma condição de ser comercializados. O descarte do material adquirido estava previsto para os meses de junho; julho e agosto. Mas ainda constavam da farmácia municipal para ser distribuídos aos paciente. Entre estes remédios foram encontrados antidepressivos, antipsicóticos, diuréticos e antibióticos.

Descarte

Ao todo, foram descartados mais de um terço do total de medicamentos doados, cerca de 3 toneladas. Quase cinco vezes mais do que o descartado ao longo de todo o ano passado. Doria tentou culpar a gestão anterior, de Fernando Haddad (PT). Segundo ele, o crescimento no descarte se deve à escassez de medicamentos do governo petista. A informação, no entanto, foi desmentida no site Aqui Tem Remédio, da própria prefeitura.

Diante do exposto, o prefeito teve que admitir a tramóia. No início desta tarde, disse a jornalistas que, se os remédios tivessem sido comprados, os critérios teriam sido mais “precisos”.

— Não é bom (o descarte), mesmo que tenha sido produto doado para a Prefeitura — admitiu.

O prefeito havia prometido realizar a doação de medicamentos, em fevereiro, no valor de R$ 120 milhões. Apenas 10% desse montante, no entanto, chegaram de fato às unidades de saúde; ou seja, aos paulistanos mais carentes. A estimativa, porém, é que a Prefeitura tenha gasto R$ 60 mil com o descarte dos medicamentos. Um custo que deveria ter sido arcado pelas empresas.

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