Estancianismo e estancianidade: um novo paradigma cultural
Quero propor um exercício de imaginação: Vamos reconstruir Estância a partir de uma plataforma cultural? Ela seria a mola mestra que faria de nós modelo de qualidade de vida e ressignificaria a história coletiva.
Na nova Estância dos meus sonhos, 4 pólos de fruição cultural fariam a cidade girar de maneira vibrante o ano todo:
No Norte, as bienais internacionais do livro e do cinema se intercalariam para abrir um intercâmbio com artistas do mundo, que ainda visitariam o Museu da Estancianidade, repleto de obras plásticas e artes visuais com a essência criativa do nosso povo.
No Sul, o Teatro Municipal Judite Melo tornaria o trânsito cultural vivaz. Shows, festivais, espetáculos. Dança, música, teatro. Estância seria o destino semanal de todo o Sergipe; nossos hotéis nem dariam conta do fluxo intenso. Consegue imaginar um lindo e enorme teatro à altura dos nossos quase 180 anos?
No Leste, o mais lindo, colorido e dançante museu a céu aberto do Estado. Anualmente, o Encontro da Culinária Estanciana nos manteria conectados através da memória afetiva do sabor. Os barracões culturais com suas escolas de samba, grupos folclóricos e um robusto Centro histórico reuniriam brincantes e artesãos para receberem turistas, pesquisadores e entusiastas ansiosos para sentir de perto a energia dos tamancos e tambores, e até mesmo aprender na prática a fazer pitus e buscapés na Oficina do Fogo.
No Oeste, um Centro de Criatividade nos daria o prazer de assistir, entre tantas coisas, aos concursos de quadrilha junina. As escolas públicas fariam seus saraus, as comunidades viveriam experiências artísticas diversas com a cidade como lugar de pertencimento e inspiração, grupos independentes teriam um local para ensaiar suas produções.
E no Centro. Ah! No Centro é que a cidade ganharia asas! Festivais de verão e inverno somariam o melhor de nós em todas as praças, numa programação rica em estéticas, conceitos e representatividades, de portas abertas para o mundo.
Eu sei bem que a vida é puro pragmatismo, mas um pouco de filosofia, de utopia ativa, inventividade e boas intenções pode nos tirar do marasmo existencial atual.
Qual a Estância dos seus sonhos? –
Por Fábio Sabath.
Havia décadas que estância se amoldou num espectro de cultura acorrentada aos agentes públicos e seus representantes se tornaram lacaios dos serviçais do palácio… Os ditos artistas com cargos jamais desempenham ou qualificam nossa cultura popular com o valor devido a estes fazedores de sonhos. O belo texto e reflexão de Sabath” nos serve como uma luva e reflexão de que ser artista está muito além do que se dizer Estanciano apenas em tempos festivos. A nossa Estâncianidade tá no Sangue dos brincantes e fazedores de tudo que move a alegria cultural desse povo. Desistamos mesmos em tempos tão sombrios.