Gleisi depõe ao STF, nega acusações e se diz ‘vítima de perseguição política’


Senadora prestou depoimento na ação penal em que é ré na Lava Jato por corrupção e lavagem. A juiz auxiliar de Fachin, Gleisi avaliou ter ‘alto grau de politização’ na denúncia contra ela.

senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) prestou depoimento nesta segunda-feira (28) ao Supremo Tribunal Federal (STF) e negou as acusações contra ela na Operação Lava Jato, afirmando que não há provas. Gleisi também se disse “vítima de perseguição política”.

O depoimento da senadora durou pouco mais de uma hora e foi prestado na ação penal no STF na qual Gleisi é ré pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

A petista falou a um juiz auxiliar do ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.

“Neguei o que estão me acusando, corrupção passiva e lavagem. Nunca tive relação com Paulo Roberto Costa [ex-diretor da Petrobras]. Foi a segunda vez que pude falar. Primeiro, na PF [Polícia Federal] e, agora, além de responder ao juiz, pedi para fazer a narrativa”, declarou a senadora ao deixar o Supremo.

“Não tem nenhuma prova e estou sendo julgada e condenada. Não precisava pedir dinheiro para minha campanha de 2010. Sou vítima de perseguição política em razão de Alberto Youssef e seu advogado […]. Não tem prova desse dinheiro chegando a mim. Acho que tem alto grau de politização [na denúncia]. Quando fui denunciada, havia muita influência do Judiciário e do MP”, acrescentou.

A ação em que Gleisi é ré entrará, a partir de agora, na fase de alegações finais por parte da defesa e da acusação. O processo deverá ser julgado pela Segunda Turma do Supremo ainda neste ano.

Após o depoimento da senadora, o marido de Gleisi, o ex-ministro Paulo Bernardo, também negou ter atuado para pedir dinheiro para campanha da petista.

“Basicamente, deixei claro que não pedi dinheiro nenhum. Eu vou esperar com toda tranquilidade e, com certeza, vai dar certo”, disse o ex-ministro.

As denúncias

Segundo a acusação do Ministério Público, Gleisi, Paulo Bernardo e o empresário Ernesto Kugler Rodrigues pediram e receberam R$ 1 milhão desviados do esquema de corrupção que atuou na Petrobras. Todos negam.

O dinheiro, conforme a PGR, teria sido direcionado para campanha eleitoral de Gleisi, em quatro parcelas de R$ 250 mil.

O repasse teria sido realizado, segundo a procuradoria, por meio de empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef contratadas pela Petrobras.

Ainda segundo a PGR, os recursos foram liberados pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, cujo objetivo seria obter apoio político de Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo para se manter no cargo.

Depoimento de Dilma

No último dia 28 de julho, a ex-presidente Dilma Rousseff prestou depoimento nesta ação como testemunha de defesa de Gleisi Hoffmann.

Aurante o depoimento, Dilma foi indagada sobre se recordava de alguma tentativa de Gleisi de manter Paulo Roberto Costa no cargo de diretor da Petrobras. “Não. E ela [Gleisi] não participava dessa decisão, não era do âmbito dela”, respondeu a ex-presidente.

Em seguida, o representante do Ministério Público questionou Dilma sobre se ela sabia de algum “fato irregular” cometido por Gleisi no período em que a senadora esteve à frente da Casa Civil.

Dilma, então, respondeu que “pelo contrário”, porque Gleisi Hoffmann é uma pessoa “bastante séria e extremamente rígida”. Segundo a ex-presidente, a petista era “bastante competente” ao tocar as tarefas da Casa Civil.

Na sequência do depoimento, Dilma foi perguntada sobre se tinha conhecido de que o PP indicou Paulo Roberto Costa para a Diretoria de Abastecimento. Ela disse que não.

“E esse assunto nunca chegou, a senhora nunca tratou desse assunto com a senadora Gleisi Hoffmann?”, indagou o representante do MP.

“Não, porque ela [Gleisi] não tinha nem conhecimento de quem ele era”, respondeu a ex-presidente.

Segundo Dilma, ninguém “ousaria chegar perto” para pedir a ela que não demitisse Paulo Roberto Costa da Petrobras.

Fonte e texto: G1

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